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João "Saudade"

 

Prelúdio

 

Ê saudade... Lá se vão oito anos desde que a Unidos do Paiol pisou pela última vez a João Jorge Trinta. Um misto de sonhos e expectativas nos envolve neste momento onde renasce o desejo de voltar. Sim, queremos voltar!

Imbuídos no espírito saudosista, vestimos a fantasia da própria encarnação da saudade, que atende pelo nome de João Benguella e nos deparamos na vanguarda que é o Carnaval Virtual para contar uma história de amor que a escravidão e a distância não pôde romper. Hoje a Unidos do Paiol é João da Nação Benguella. Hoje também somos João Saudade!

 

Justificativa

 

O enredo que a Unidos do Paiol trará para a avenida em 2015 é baseado na Lenda de João "Saudade", uma história publicada no livro LENDAS DE PAQUETÁ de Marcelo Augusto Limoeiro Cardoso, de 1975.

 

Desenvolvimento

 

Ê Saudade... Saudade que dói, corrói, destrói... ou nos mantém vivo como uma última faísca de esperança.

 

Aliás, saudade e esperança caminham juntos, tanto quanto a força e a fé.

 

João ficava ali, sentado nas pedras do cais que avançavam nas águas da Baía de Guanabara, com a mente fervilhando de saudades e lembranças.

 

A dor que não o deixava, transformava-se em seu combustível vital, mantinha sua chama acesa e viva a esperança que sua mãe Iemanjá traria de volta seu grande amor!

 

Ah, Januária, que saudade!!! As imagens de seu alambamento ainda estavam vivas e parecia que o tempo não havia passado. Lembrava-se de Loreano, seu pretinho rechonchudo, fruto desse grande amor que ficou para trás!

 

Ficou para trás também sua África. Viajando nas águas de Iemanjá, o mar da esperança tornou-se mar de dor e desalento. Foi capturado, trazido a um mundo novo e escravizado, vendido como objeto.

 

Em uma nova terra, enquanto trabalhava durante o dia nas caieiras, a noite rezava a beira da praia. Chorava, sofria em silêncio e pela manhã retornava à senzala para mais um dia de trabalho, triste e cabisbaixo. E assim passavam os dias, os anos.

 

Mas eu uma noite de sexta-feira algo aconteceu e João não voltou. Um clarão riscou o céu! Uma estrela transformou noite em dia e findou a saudade de João.

 

"Odoyá Iemanjá! Vieste me buscar, minha mãe?"

 

"Acalma-te filho, tua dor acabou."

 

A falange iluminada de Yemanjá te buscou, João Saudade, agora você brilha no céu com seus amores, virou estrela. Quem é que pode olhar no céu e enxergar o brilho de João, Januária e Loreano? Eles estão lá, juntos novamente, vivendo o amor que nem o tempo e o sofrimento podem apagar!

 

Poslúdio

 

A Ponte da Saudade, em Paquetá, é um marco ao amor de João "Saudade" e local de rituais e rezas de negros implorando por sua libertação. Hoje essa história ainda é lembrada e mantida viva nos corações daqueles que mantém o amor e a fé em seus corações.

 

Nesse carnaval, a saudade de João é a saudade da Paiol e que a falange de Yemanjá nos ilumine em mais um desfile nesse palco virtual iluminado por todos os orixás. Odoyá Yemanjá. Força Paiol!!!

 

Michel Laczynski
Carnavalesco

 

 

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